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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

ENERGIA SOLAR VIRA PESADELO ALEMÃO

"Para evitar apagões, a Alemanha teve de importar temporariamente eletricidade gerada em usinas nucleares na França e na República Checa e até colocou em operação uma velha usina movida a petróleo na cidade austríaca de Graz."

 

O Estado de S.Paulo - Depois de torrar 100 bi em subsídios, país conclui que a energia solar é a mais ineficiente de todas as fontes renováveis e tenta reduzir o prejuíz

Na versão em inglês da revista alemã:
http://www.spiegel.de/international/germany/0,1518,809439,00.html

 

O jornal O Estado de São Paulo reproduziu no caderno Planeta desta quarta-feira (25) texto publicado pela respeitada revista alemã Der Spiegel, sobre a utilização de energia solar na Alemanha. O jornalista Alexander Neubacher aponta os problemas energéticos enfrentados pelo país europeu, considerado "um dos países mais entusiastas na adoção desse tipo de energia renovável". Segundo o texto, o governo alemão estuda como irá tratar o setor nos próximos anos diante da ineficiência que esta fonte de energia elétrica tem demonstrado.

 

Considerada um dos principais símbolos da economia verde, o uso da energia solar mudou a paisagem da Alemanha – um dos países mais entusiastas na adoção desse tipo de energia renovável. Só falta uma coisa nos 1,1 milhão de painéis solares espalhados pelos campos e telhados de residências de norte a sul do país: luz solar. Faz semanas que o sistema gera pouca ou nenhuma eletricidade. Como é comum no inverno, os dias são curtos, o tempo está ruim e o céu, encoberto.

Para evitar apagões, a Alemanha teve de importar temporariamente eletricidade gerada em usinas nucleares na França e na República Checa e até colocou em operação uma velha usina movida a petróleo na cidade austríaca de Graz.

Nas próximas semanas, o governo alemão pretende decidir como tratará a energia solar no futuro. A chanceler Angela Merkel sempre apregoou as "oportunidades de exportação", desenvolvimento, tecnologia e empregos do setor. Agora, porém, membros de seu próprio staff o estão chamando de poço sem fundo de dinheiro.

As operadores de usinas solares e proprietários de casas com painéis solares nos telhados consumiram mais de € 8 bilhões (US$10,2 bilhões) em subsídios em 2011, mas a eletricidade que geraram constituiu apenas 3% do suprimento total de energia. E os consumidores já se queixam de ter de pagar o segundo preço mais alto de eletricidade da Europa.

Pela Lei da Energia Renovável da Alemanha, cada novo sistema que se conecta à rede se qualifica a 20 anos de subsídios. Cálculos do Instituto de Pesquisas Econômicas da Renânia do Norte Westfália (RWI) indicam que os sistemas incorporados à rede em 2011 custarão aos consumidores de eletricidade cerca de €18 bilhões em subsídios nos próximos 20 anos.

"Somando todos os subsídios concedidos até agora, já superamos o nível de € 100 bilhões", diz Manuel Frondel, do RWI. Para uma família média, isso significaria uma despesa adicional de cerca de € 200 anuais, além do custo real da eletricidade.

Erro. A energia solar tem o potencial de se tornar o erro mais caro da política ambiental alemã. Ela é de longe a mais ineficiente entre todas as fontes de energia renovável, apesar de receber os maiores subsídios.

Lobistas da energia solar gostam de ofuscar o público com números sugestivos sobre a capacidade do setor. Por exemplo, eles dizem que todos os sistemas instalados juntos poderiam gerar uma produção nominal de mais de 20 gigawatts, ou duas vezes mais energia que a que está sendo produzida atualmente pelas usinas nucleares alemãs ainda em operação.

Mas isso é pura teoria. Os sistemas de energia solar só podem operar no pico de sua capacidade quando otimamente expostos aos raios do sol (1.000 watts por metro quadrado), em um ângulo ótimo (48,2 graus) e com a temperatura de módulo solar ideal (25˚C) –em outras palavras, sob condições que dificilmente existem fora de um laboratório.

De fato, todos os sistemas de energia solar alemães reunidos produzem menos eletricidade do que a de duas usinas nucleares. E mesmo esse número está atenuado, porque a energia solar em um país quase sempre nublado como a Alemanha precisa ter o suporte de usinas elétricas de reserva. O resul-tado é uma estrutura duplicada, cara e basicamente desnecessária.

É o reverso da energia eólica. Pelo mesmo custo, o vento fornece no mínimo cinco vezes mais eletricidade que o sol, ao passo que as usinas hidroelétricas geram seis vezes mais energia. Mesmoas usinas de biomassa produzem três vezes mais energia do que a tecnologia solar.

Esse rendimento fraco em termos de produção de eletricidade faz com que, de quebra, a energia solar não colabore muito para a redução das emissões de dióxido de carbono, especialmente se comparada a outros possíveis programas a serem subsidiados. Para evitar a produção de uma tonelada de CO2, a Alemanha gasta € 5 para isolar o teto de um prédio velho, investe €20 numa nova usina elétrica movida a gás ou aplica € 500 num novo sistema de energia solar.

Os benefícios para o clima são os mesmos nos três casos. Para Hans-Werner Sinn, do Instituto de Pesquisa Econômica (Ifo), de Munique, a energia solar é um "desperdício de dinheiro às expensas da proteção climática".

Decadência. Em meio a tanto prejuízo, não surpreende a participação cada vez menor da Alemanha no campo da energia solar. Em 2004, o país abocanhava uma fatia de 69% do setor global de painéis solares. Em 2010, essa participação caiu para 20%. A antiga gigante do setor, Solar-world, está passando por dificuldades. Solon e Solar Milennium, outrora consideradas empresas modelo, encerraram suas atividades. As fabricantes alemãs do setor investiram no ano passado somente 2% a 3%das receitas em pesquisa e desenvolvimento, em comparação com uma média de 6% no setor automotivo e 30% no campo da biomedicina. Enquanto isso, os concorrentes chineses oferecem sistemas de qualidade equivalentes apreços muito menores.

Para estancar a sangria de euros, o governo pretende estabelecer um limite para os subsídios ao setor. Uma nova expansão ficaria limitada a 1.000 megawatts este ano, ou seja, 6.500 megawatts a menos do que em 2011. Outra proposta em estudo prevê eliminar da lei que contempla as energias renováveis a concessão de subsídios para o setor de energia solar. Assim, os provedores de energia devem ser obrigados a fornecer uma quota de eletricidade verde, mas não é especificado em detalhes o que eles deverão fazer para atender tal quota. Isso estimularia a concorrência para a oferta da melhor tecnologia.

 

A vantagem em relação ao atual sistema é nítida: o dinheiro não mais seria investido em locais onde os maiores subsídios são pagos, mas onde uma maior quantidade de eletricidade verde pode ser gerada. / TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK e TEREZINHA MARTINO

 

http://www.intelog.com.br/site/default.asp?TroncoID=907492&SecaoID=508074&SubsecaoID=715052&Template=../artigosnoticias/user_exibir.asp&ID=207672&Titulo=Alemanha%20quer%20cortar%20mais%20r%E1pido%20incentivos%20%E0%20energia%20solar

ALEMANHA QUER CORTAR MAIS RÁPIDO INCENTIVOS À ENERGIA SOLAR
Comex - Mundo
BERLIM, 25 Jan (Reuters) - O ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Norbert Roettgen, quer apresentar reduções nos incentivos do país à energia solar dentro de três meses, até 1o de abril, à luz da forte expansão contínua no maior mercado do mundo.

Mas Roettgen disse que quer deixar sem mudanças o caminho para novas instalações fotovoltaicas com algo entre 2,5 gigawatts (GW) e 3,5 GW por ano, repelindo a demanda da coalizão de partidos Democracia Livre de limitar novas instalações em 1 GW por ano.

Roettgen, um aliado conservador da chanceler Angela Merkel, disse que se opunha a limitar as instalações na Alemanha em 1 GW por ano, como o ministro da Economia, Philipp Roesler, o líder da coalizão partidária, havia solicitado.

"Minha meta é mudar a lei, efetivamente, a partir de 1o de abril", disse Roettgen a jornalistas após uma reunião com membros democrata-cristãos do Parlamento para discutir uma rapidez nos cortes nas tarifas subsidiadas, vital para a indústria até que os preços da energia fotovoltaica caiam a níveis similares aos da produção de energia convencional.

"É importante que nós atuemos rápido", adicionou Roettgen. "Uma cobertura concreta poderia sufocar a indústria", disse ele, referindo-se ao setor em que mais de 100 mil empregos foram criados na década passada.

Roesler alertou ser contra se tentar cortar muito tão rápido. Ele disse que era importante que as mudanças sejam apoiadas pela Câmara Alta do Parlamento, onde o apoio dos partidos de oposição será necessária para que a medida passe rapidamente.

(Por Markus Wacket)

Por REUTERS

 

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