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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

PRIMEIRO PROGRAMA DE ATIVIDADES PARA INSTALAÇÃO DE FORNOS NA ÁFRICA É APROVADO NO MDL

Primeiro Programa de Atividades (PoA) focando no uso de fornos eficientes na África foi registrado com sucesso sob o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Este projeto (CDM PoA 5067: Improved Cooking Stoves for Nigeria Programme of Activities),o quinto PoA registrado na África, visa a distribuição de 100 mil fornos na Nigéria nos próximos cinco anos.

 

A expectativa é que se consiga uma redução de até 250 mil toneladas de dióxido de carbono anualmente, o equivalente a retirada de 44.470 carros das ruas a cada ano, com o uso de lenha caindo até 80% segundo o documento de concepção do PoA.

 

O uso insustentável de lenha para abastecer fornos ineficientes é um dos principais condutores de desmatamento na Nigéria. Dentre os outros benefícios do projeto estão a melhoria da saúde respiratória da população, redução dos gastos para as residências e aumento do tempo disponível para atividades geradoras de renda.

 

"Os PoAs podem ajudar a ampliar os benefícios do MDL, especialmente para aqueles países que ainda não tiraram proveito do mecanismo", comentou o presidente do Comitê Executivo do MDLMartin Hession.

 

A partir do registro de um PoA, um número ilimitado de projetos similares pode ser adicionado e administrado ao longo do tempo sem a necessidade de registro de cada um individualmente.

 

A possibilidade de agrupamento de uma série de atividades menores sob o guarda-chuva de um único programa reduz os custos de transação e torna o MDL mais atrativo para os países menos desenvolvidos.

 

Traduzido por Fernanda B. Muller, Instituto CarbonoBrasil

 

Fotos: A lenha é transportada por longas distâncias desde as áreas de florestas mais altas no sul da Nigéria até as outras partes do país, onde quase todas as florestas já desapareceram -Fonte: UNFCCC

 

INT DESENVOLVE MODELO DE PROJETO DE GERAÇÃO POTENCIAL DE CRÉDITOS DE CARBONO NO SERTÃO NORDESTINO

Da Agência Ambiente Energia - A partir de março, seis indústrias cerâmicas da região do Seridó nordestino estarão participando de um modelo para comercialização de créditos de carbono desenvolvido pelo Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI). O arranjo, que é um piloto para replicação em outras empresas da região, define aspectos específicos para a certificação dos projetos de redução de emissões de carbono, incluindo a eficiência energética nos fornos e o uso de biomassa renovável. Com isso, as indústrias que estiverem adequadas, diminuindo suas emissões de carbono a partir da otimização dos seus processos, poderão lucrar com a negociação desses créditos no mercado voluntário de carbono.

 

A iniciativa integra o projeto Eficiência Energética em Cerâmicas de Pequeno Porte na América Latina para Mitigar a Mudança Climática (Eela), onde o INT avalia um total de 120 indústrias cerâmicas da região, compreendida entre os estados do Rio Grande do Norte e Paraíba.

Promovido pela Agência Suíça de Cooperação e Desenvolvimento (Cosude) e pela organização não-governamental Swisscontact, o trabalho é desenvolvido paralelamente também na Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, México e Peru.

O objetivo é incentivar medidas para otimizar o uso da energia nessas empresas, bem como reduzir as emissões de carbono e diminuir o impacto ambiental da atividade, desenvolvendo um modelo para ser replicado por outros núcleos produtores de cerâmica da América Latina. No Brasil, coordenada pelo INT, a iniciativa conta com a parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Nacional), Sebrae/RN, Sebrae/PB, com o Centro de Produção Industrial Sustentável (Cepis), o Serviço Florestal Brasileiro (SFB/MMA) e a Associação Nacional da Indústria Cerâmica (Anicer).

 

O projeto Eela previa em seu início uma atuação nas regiões Norte e Nordeste. O Nordeste acabou sendo escolhido para implementação de um modelo que servisse para uma replicação mais ampla. A partir de meados de  2010, o INT começou a fazer testes de campo em fornos da região do Seridó, avaliando sua eficiência e as possibilidades de redução do consumo de energia, das emissões de CO2 e do impacto ambiental da atividade das olarias locais.

 

Na Região Norte, no estado do Pará, foi realizado um diagnóstico do modelo de fabricação e do uso de energia nos municípios de São Miguel do Guamá, Abaetetuba e Igarapé-Miri. Nesses dois últimos municípios, especificamente, foi detectado um modelo rudimentar, com empresas informais e familiares, sem acesso a energia elétrica, semelhante a situações já trabalhadas pelo projeto em outros países da América Latina. Para esse tipo de olarias, foi recomendado o uso de forno como o tipo catenária, desenvolvido pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e avaliado pela equipe do INT. Esse equipamento permite o uso de outras biomassas presentes na região, tais como o caroço de açaí e a casca de castanha do Pará.

 

Na região do Seridó, foram feitos estudos comparativos entre os fornos do tipo caipira, tradicionalmente usados, e o abóboda, onde há melhor aproveitamento da energia e menos emissões. O trabalho também avaliou algumas formas de arranjar as peças cerâmicas no interior dos fornos, visando aumentar a proporção da produção de peças de primeira qualidade. E outra vertente, apontou as soluções de emprego de ar de combustão forçado e de recuperação de calor em fornos caipira, medidas que promovem uma economia de energia.

 

“Os fornos caipiras são abertos e dispersam enorme quantidade de calor e gases poluentes, enquanto a opção em forma de abóboda aproveita melhor essa energia, inclusive a reutilizando para a secagem das cerâmicas”, explica Mauricio Henriques, chefe da área de Energia do INT.

 

Objetivando levar políticas públicas, tecnologias e sistemas de gestão e de qualidade a essas e outras indústria cerâmicas com características semelhantes, o projeto aborda também a questão ambiental. Além de buscar conter as emissões atmosféricas, o trabalho indicou também mecanismos para racionalizar o uso e a extração de argila a ainda modelos para ampliar a oferta de biomassa renovável, evitando o desmatamento e a degradação do solo.

 

“Algumas soluções em uso tem sido a substituição da lenha nativa extraída da caatinga por briquetes de resíduos de biomassa, compostos de bagaço de cana e serragem, ou pelo emprego de podas dos municípios da região e de árvores frutíferas, como o cajueiro”, complementa o tecnologista Joaquim Augusto Pinto Rodrigues,  coordenador do projeto Eela.

 

O projeto Eela disseminou ainda, entre produtores locais, um modelo para ampliar o comércio de créditos de carbono decorrentes das medidas de otimização do uso da energia e dos recursos naturais. O trabalho envolveu ainda o levantamento de indicadores sociais, observando as relações de trabalho e indicando a correção das distorções encontradas.

 

A iniciativa se estende até 2013, com possibilidades de renovação, visando a mudança completa no uso da energia e dos recursos ambientais, nas relações de trabalho e na qualidade da produção das pequenas indústrias cerâmicas na América Latina. (As informações são do INT)

 

 

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domingo, 12 de fevereiro de 2012

FIM DOS LIXÕES?

Emprego de plasma térmico surge como alternativa para dar cabo de resíduos sólidos no Brasil. Em futuro próximo, a tecnologia deverá permitir que esses resíduos sirvam de matéria-prima para geração de energia.

 

Lixão da Vila Estrutural (DF). Reator desenvolvido por pesquisadores da empresa paulista Recaltech ajudará a solucionar o problema da produção crescente de lixo e da falta de espaços para aterros sanitários. (foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil).

 

Num cenário de escassez de grandes áreas livres em centros urbanos, o que fazer com volumes de lixo cada vez maiores? O problema tem causado dor de cabeça em administradores públicos do mundo inteiro, inclusive do Brasil.

 

Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, a produção de resíduos sólidos no país em 2010 foi de aproximadamente 61 milhões de toneladas. Quase 7% a mais que em 2009, quando o volume produzido foi de 57 milhões de toneladas.

A produção de resíduos sólidos no país em 2010 foi de aproximadamente 61 milhões de toneladas. Quase 7% a mais que em 2009.

 

Como o crescimento da população foi proporcionalmente menor no período, conclui-se que os brasileiros produzem cada vez mais lixo. Em 2009, a produção per capita por ano foi de 360 kg; em 2010, foi de 379 kg. Um aumento de aproximadamente 5,3%.

 

Diante do problema, pesquisadores da empresa paulista Recaltech desenvolveram protótipo de um reator de plasma térmico para incineração de lixo capaz de reduzir a cinzas de 100 kg a 300 kg de resíduos sólidos por hora.

 

A importância da incineração por plasma térmico está em sua capacidade de reduzir o material introduzido na câmara incineradora a cerca de 3% do volume original.

 

“Além disso, ao contrário da incineração convencional, a queima por plasma permite que os resíduos sólidos fiquem inertes, isto é, se tornem incapazes de reagir com outras substâncias para formar novos compostos”, explica o engenheiro mecânico Antônio Carlos da Cruz, um dos responsáveis pelo estudo.

 

Material é submetido ao plasma térmico em simulação feita no Laboratório de Plasma da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), que vem realizando estudos semelhantes ao da Recaltech. Na parte côncava da superfície, à base de grafite, o material é reduzido a 5% do volume original e adquire aparência de 'lava de vulcão'. (foto: Unisul)

 

O plasma usado na queima de resíduos forma-se quando um fluxo de gás – em geral argônio, que é inerte, não inflamável, não tóxico e não corrosivo – atravessa um arco elétrico alimentado por corrente contínua e atinge uma temperatura próxima de 5 mil ºC.

Cruz relata que os resíduos sólidos queimados por plasma se transformam em cinza e são revestidos por uma rede vítrea no final do processo. Essa rede protetora, produzida pela fusão dos resíduos queimados com óxidos (de metais) liberados durante a queima, impede que o produto final da fusão reaja com outras substâncias, tornando-o inerte.

 

Por isso, a tecnologia do plasma é ideal para destruir metais pesados (usados em pilhas e baterias, por exemplo), extremamente danosos aos seres vivos e ao meio ambiente. A incineração comum, feita em ambientes que atingem apenas cerca de 230 ºC, não reduz o volume do lixo significativamente nem consegue neutralizar metais pesados.

 

Energia tirada do lixo

 

Os pesquisadores estudam também a possibilidade de geração de energia elétrica a partir dos gases liberados na queima do lixo por plasma térmico. “A usina piloto que pretendemos implantar ainda este ano terá capacidade de transformar em cinzas cerca de 1 tonelada de lixo por hora”, diz o engenheiro da Recaltech.

 

“A usina piloto que pretendemos implantar ainda este ano terá capacidade de transformar em cinzas cerca de 1 tonelada de lixo por hora”

No projeto em desenvolvimento, os gases liberados durante a queima dos resíduos sólidos, como monóxido de carbono e hidrogênio, irão movimentar turbinas acopladas ao reator para produzir energia.

 

Segundo Cruz, a perspectiva é de que cada tonelada de lixo triado – do qual foram removidos a fração úmida (restos de alimentos, por exemplo) e material reciclável – gere 1,6 kilowatt de energia por hora.

 

No futuro, o emprego da tecnologia de plasma poderá descartar a necessidade de aterros sanitários. “Embora esses depósitos sejam em geral construídos com segurança, o extenso espaço que ocupam se torna inadequado para outras finalidades”, afirma Cruz.

 

O plasma

 

Esse termo foi empregado pela primeira vez na física em 1929 pelo químico estadunidense Irving Langmuir (1881-1957). Frequentemente se faz referência ao plasma como ‘quarto estado da matéria’. Estima-se que cerca de 99% da matéria conhecida no universo se encontre nesse estado, como plasma natural. É o que se verifica, por exemplo, no núcleo do Sol e nas descargas elétricas da atmosfera.

 

Fonte: HC - 6/02/2012

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

GOVERNO PUBLICA LEI QUE INSTITUI PPA 2012-2015 - PELA PRIMEIRA VEZ NA HISTORIA,, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO SÃO EIXOS ESTRUTURANTES EM UM PLANO PLURIANUAL

Publicado no dia 19 de janeiro, o Plano Plurianual da União (PPA) 2012-2015 (Lei 12.593/12) trouxe como uma das diretrizes do governo o estímulo e a valorização da educação, da ciência, da tecnologia e da inovação (C,T&I). Com previsão de investimentos da ordem de R$ 5,4 trilhões, além de R$ 102 bilhões em emendas, o texto está estruturado em 65 programas temáticos. O PPA corresponde ao planejamento de médio prazo do governo e define os focos da administração pública federal para o próximo quadriênio.

 

Com algumas das metas do PPA para a área de C,T&I estão a atração de 100 projetos e centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D), e a expansão e diversificação dos mecanismos de incentivo à inovação no Brasil. O programa de Desenvolvimento Produtivo do PPA estabelece como meta elevar de 4.728 para 5.328 o número de empresas brasileiras que lançam novos produtos no mercado nacional e também fomentar a especialização de 20 centros de inovação, design e sustentabilidade. Espera-se, ainda, desenvolver e adaptar instrumentos de apoio à inovação específicos para atração de projetos e centros internacionais de P&D.

 

A nova política quer promover o desenvolvimento da cadeia produtiva do complexo industrial da defesa, inclusive mediante a utilização de compra governamental e de instrumentos fiscais, para alcançar maior autonomia tecnológica e produtiva.

 

O programa de Desenvolvimento Produtivo também cita o incentivo à implantação de indústrias competitivas de componentes e equipamentos eletrônicos. A ideia é promover a produção de software, conteúdos digitais interativos e serviços de tecnologia da informação (TI), para posicionar o País como exportador relevante do setor.

 

Essa iniciativa será comandada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e contará com investimentos da ordem de R$ 1 bilhão. Entre os resultados esperados, é possível citar a fabricação de semicondutores e a estruturação e implementação do Plano Estratégico de Software e Serviços de TI.

(Com informações do Gestão C&T)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

REDES DE ONGS FAZEM BALANÇO E PREPARAM OFENSIVA PARA RIO+20

Lideranças do movimento socioambientalista brasileiro se reúnem em Porto Alegre para iniciar um balanço dessas duas décadas de atuação das principais redes de ONGs no país. Houve consensos, como a análise de que o trabalho é prejudicado pela falta de recursos financeiros. Outro problema é a desarticulação política, provocada por questões como a não renovação da militância ambientalista ou a banalização do discurso verde.

 

Porto Alegre – Há 20 anos, um encontro no Rio de Janeiro colocou frente a frente - em alguns casos, pela primeira vez - militantes de organizações ambientalistas de todos os cantos do Brasil. Atendendo ao chamado para participar e tentar influenciar a Cúpula da Terra, evento da ONU que entrou para a história como Rio-92, essas organizações compartilharam experiências e conhecimentos e iniciaram alianças que contribuíram para os vários anos de efervescência que se seguiram, na política ambiental brasileira. Na Rio-92, foram criadas ou consolidadas importantes redes de atuação por bioma, como a Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA), o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) e a Rede de ONGs do Cerrado, entre outras, além do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais pelo Meio Ambiente (FBOMS).

 

No Fórum Social Temático 2012, que acontece em Porto Alegre, diversas lideranças do movimento socioambientalista brasileiro se reuniram na quarta-feira (25) para iniciar um balanço dessas duas décadas de atuação das principais redes de ONGs no país. Alguns pontos de vista foram consensuais, como a análise de que a falta de recursos financeiros prejudica a atuação das redes e das organizações - a maioria delas, pequenas - que as compõem. Outro problema é a desarticulação política, provocada em parte por questões como a não renovação da militância ambientalista ou a banalização (no mau sentido) do discurso verde entre a juventude e a sociedade em geral.

 

Outro consenso foi a percepção de que a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que acontecerá em junho no Rio de Janeiro, será um momento de retomada do vigor das lutas ambientais no Brasil. Por isso, foi decidido que as principais redes - que voltarão a se reunir no FST, desta vez em painel público, na quinta-feira (27) - organizarão seminários regionais de base em todo o Brasil, até o início de abril. O objetivo é chegar a um acúmulo político e organizacional suficiente para uma intervenção forte e unificada das redes durante a Cúpula dos Povos e a Rio+20.

 

"A ideia é que, a partir das experiências que essas redes consolidaram nos últimos dez, quinze ou vinte anos na busca da convivência dos seres humanos com seus territórios, a gente consiga articular um conjunto de demandas e posições tanto na Cúpula dos Povos quanto no evento oficial", afirma Rubens Born, integrante da coordenação do FBOMS e da direção da ONG Vitae Civilis.

 

Integrante da coordenação da RMA e do Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá), Renato Cunha diz que os principais desafios para as organizações que militam pela Mata Atlântica são a melhoria da gestão e a criação de novas Unidades de Conservação: "Há algum tempo, a criação de uma série de novas UCs em diversos Estados do bioma está sendo proposta ao Ministério do Meio Ambiente, mas a resposta do ministério, assim como dos governos estaduais, está sendo fraquíssima".

 

"Saldo negativo"

 

Cunha ressalta que o governo de Dilma Rousseff, passado um ano, "está com saldo negativo" no que concerne às Unidades de Conservação: "O atual governo não criou sequer uma UC, mas `descriou' uma", diz. O ambientalista também critica a qualidade da fiscalização na Mata Atlântica: "A coisa ficou complicada com essa lei, aprovada no Senado, sobre a regulamentação do artigo 23 da Constituição. O Ibama perde o seu potencial de fiscalização", lamenta.

 

Dirigente da Rede Cerrado, Renato Araújo afirma que, além de ser hoje o bioma brasileiro que mais sofre pressão, o Cerrado enfrenta como principal problema a viabilização do acesso das populações locais ao território: "Isso acontece tanto no que diz respeito à reforma agrária, pois o território é muito grande e existem muitos agricultores sem terra, quanto no que diz respeito às terras indígenas que vivem sob constante pressão", diz. Um desafio apontado por Araújo é adotar no Cerrado a estratégia de "conservação pelo uso", com o objetivo de dar viabilidade econômica aos produtos oriundos da enorme biodiversidade do bioma e que ainda não têm mercado consolidado.

 

Integração

 

Criada há doze anos, a rede de ONGs Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA) tem uma base composta por cerca de três mil organizações nos estados da Região Nordeste e em Minas Gerais. Coordenadora da rede, Marilene Souza, mais conhecida como Leninha, lembrou as bem sucedidas experiências de aproveitamento de água da chuva feitas na região para defender que ações concretas como esta sejam compartilhadas pelas redes até a Rio+20: "Temos que pensar o desenvolvimento a partir das populações locais", diz.

 

Rubens Born fala sobre as expectativas do movimento: "Enquanto redes temáticas, nós conseguimos vitórias expressivas, mas nossa reunião aqui em Porto Alegre pretende mostrar que somente essas redes não vão fazer a diferença no futuro, se nós não conseguirmos superar nossa fragmentação. Cada peça é importante, mas precisamos ver como elas se integram melhor para o bem-estar da sustentabilidade nacional", disse.

Fonte: Carta Maior - http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19452

ENERGIA SOLAR VIRA PESADELO ALEMÃO

"Para evitar apagões, a Alemanha teve de importar temporariamente eletricidade gerada em usinas nucleares na França e na República Checa e até colocou em operação uma velha usina movida a petróleo na cidade austríaca de Graz."

 

O Estado de S.Paulo - Depois de torrar 100 bi em subsídios, país conclui que a energia solar é a mais ineficiente de todas as fontes renováveis e tenta reduzir o prejuíz

Na versão em inglês da revista alemã:
http://www.spiegel.de/international/germany/0,1518,809439,00.html

 

O jornal O Estado de São Paulo reproduziu no caderno Planeta desta quarta-feira (25) texto publicado pela respeitada revista alemã Der Spiegel, sobre a utilização de energia solar na Alemanha. O jornalista Alexander Neubacher aponta os problemas energéticos enfrentados pelo país europeu, considerado "um dos países mais entusiastas na adoção desse tipo de energia renovável". Segundo o texto, o governo alemão estuda como irá tratar o setor nos próximos anos diante da ineficiência que esta fonte de energia elétrica tem demonstrado.

 

Considerada um dos principais símbolos da economia verde, o uso da energia solar mudou a paisagem da Alemanha – um dos países mais entusiastas na adoção desse tipo de energia renovável. Só falta uma coisa nos 1,1 milhão de painéis solares espalhados pelos campos e telhados de residências de norte a sul do país: luz solar. Faz semanas que o sistema gera pouca ou nenhuma eletricidade. Como é comum no inverno, os dias são curtos, o tempo está ruim e o céu, encoberto.

Para evitar apagões, a Alemanha teve de importar temporariamente eletricidade gerada em usinas nucleares na França e na República Checa e até colocou em operação uma velha usina movida a petróleo na cidade austríaca de Graz.

Nas próximas semanas, o governo alemão pretende decidir como tratará a energia solar no futuro. A chanceler Angela Merkel sempre apregoou as "oportunidades de exportação", desenvolvimento, tecnologia e empregos do setor. Agora, porém, membros de seu próprio staff o estão chamando de poço sem fundo de dinheiro.

As operadores de usinas solares e proprietários de casas com painéis solares nos telhados consumiram mais de € 8 bilhões (US$10,2 bilhões) em subsídios em 2011, mas a eletricidade que geraram constituiu apenas 3% do suprimento total de energia. E os consumidores já se queixam de ter de pagar o segundo preço mais alto de eletricidade da Europa.

Pela Lei da Energia Renovável da Alemanha, cada novo sistema que se conecta à rede se qualifica a 20 anos de subsídios. Cálculos do Instituto de Pesquisas Econômicas da Renânia do Norte Westfália (RWI) indicam que os sistemas incorporados à rede em 2011 custarão aos consumidores de eletricidade cerca de €18 bilhões em subsídios nos próximos 20 anos.

"Somando todos os subsídios concedidos até agora, já superamos o nível de € 100 bilhões", diz Manuel Frondel, do RWI. Para uma família média, isso significaria uma despesa adicional de cerca de € 200 anuais, além do custo real da eletricidade.

Erro. A energia solar tem o potencial de se tornar o erro mais caro da política ambiental alemã. Ela é de longe a mais ineficiente entre todas as fontes de energia renovável, apesar de receber os maiores subsídios.

Lobistas da energia solar gostam de ofuscar o público com números sugestivos sobre a capacidade do setor. Por exemplo, eles dizem que todos os sistemas instalados juntos poderiam gerar uma produção nominal de mais de 20 gigawatts, ou duas vezes mais energia que a que está sendo produzida atualmente pelas usinas nucleares alemãs ainda em operação.

Mas isso é pura teoria. Os sistemas de energia solar só podem operar no pico de sua capacidade quando otimamente expostos aos raios do sol (1.000 watts por metro quadrado), em um ângulo ótimo (48,2 graus) e com a temperatura de módulo solar ideal (25˚C) –em outras palavras, sob condições que dificilmente existem fora de um laboratório.

De fato, todos os sistemas de energia solar alemães reunidos produzem menos eletricidade do que a de duas usinas nucleares. E mesmo esse número está atenuado, porque a energia solar em um país quase sempre nublado como a Alemanha precisa ter o suporte de usinas elétricas de reserva. O resul-tado é uma estrutura duplicada, cara e basicamente desnecessária.

É o reverso da energia eólica. Pelo mesmo custo, o vento fornece no mínimo cinco vezes mais eletricidade que o sol, ao passo que as usinas hidroelétricas geram seis vezes mais energia. Mesmoas usinas de biomassa produzem três vezes mais energia do que a tecnologia solar.

Esse rendimento fraco em termos de produção de eletricidade faz com que, de quebra, a energia solar não colabore muito para a redução das emissões de dióxido de carbono, especialmente se comparada a outros possíveis programas a serem subsidiados. Para evitar a produção de uma tonelada de CO2, a Alemanha gasta € 5 para isolar o teto de um prédio velho, investe €20 numa nova usina elétrica movida a gás ou aplica € 500 num novo sistema de energia solar.

Os benefícios para o clima são os mesmos nos três casos. Para Hans-Werner Sinn, do Instituto de Pesquisa Econômica (Ifo), de Munique, a energia solar é um "desperdício de dinheiro às expensas da proteção climática".

Decadência. Em meio a tanto prejuízo, não surpreende a participação cada vez menor da Alemanha no campo da energia solar. Em 2004, o país abocanhava uma fatia de 69% do setor global de painéis solares. Em 2010, essa participação caiu para 20%. A antiga gigante do setor, Solar-world, está passando por dificuldades. Solon e Solar Milennium, outrora consideradas empresas modelo, encerraram suas atividades. As fabricantes alemãs do setor investiram no ano passado somente 2% a 3%das receitas em pesquisa e desenvolvimento, em comparação com uma média de 6% no setor automotivo e 30% no campo da biomedicina. Enquanto isso, os concorrentes chineses oferecem sistemas de qualidade equivalentes apreços muito menores.

Para estancar a sangria de euros, o governo pretende estabelecer um limite para os subsídios ao setor. Uma nova expansão ficaria limitada a 1.000 megawatts este ano, ou seja, 6.500 megawatts a menos do que em 2011. Outra proposta em estudo prevê eliminar da lei que contempla as energias renováveis a concessão de subsídios para o setor de energia solar. Assim, os provedores de energia devem ser obrigados a fornecer uma quota de eletricidade verde, mas não é especificado em detalhes o que eles deverão fazer para atender tal quota. Isso estimularia a concorrência para a oferta da melhor tecnologia.

 

A vantagem em relação ao atual sistema é nítida: o dinheiro não mais seria investido em locais onde os maiores subsídios são pagos, mas onde uma maior quantidade de eletricidade verde pode ser gerada. / TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK e TEREZINHA MARTINO

 

http://www.intelog.com.br/site/default.asp?TroncoID=907492&SecaoID=508074&SubsecaoID=715052&Template=../artigosnoticias/user_exibir.asp&ID=207672&Titulo=Alemanha%20quer%20cortar%20mais%20r%E1pido%20incentivos%20%E0%20energia%20solar

ALEMANHA QUER CORTAR MAIS RÁPIDO INCENTIVOS À ENERGIA SOLAR
Comex - Mundo
BERLIM, 25 Jan (Reuters) - O ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Norbert Roettgen, quer apresentar reduções nos incentivos do país à energia solar dentro de três meses, até 1o de abril, à luz da forte expansão contínua no maior mercado do mundo.

Mas Roettgen disse que quer deixar sem mudanças o caminho para novas instalações fotovoltaicas com algo entre 2,5 gigawatts (GW) e 3,5 GW por ano, repelindo a demanda da coalizão de partidos Democracia Livre de limitar novas instalações em 1 GW por ano.

Roettgen, um aliado conservador da chanceler Angela Merkel, disse que se opunha a limitar as instalações na Alemanha em 1 GW por ano, como o ministro da Economia, Philipp Roesler, o líder da coalizão partidária, havia solicitado.

"Minha meta é mudar a lei, efetivamente, a partir de 1o de abril", disse Roettgen a jornalistas após uma reunião com membros democrata-cristãos do Parlamento para discutir uma rapidez nos cortes nas tarifas subsidiadas, vital para a indústria até que os preços da energia fotovoltaica caiam a níveis similares aos da produção de energia convencional.

"É importante que nós atuemos rápido", adicionou Roettgen. "Uma cobertura concreta poderia sufocar a indústria", disse ele, referindo-se ao setor em que mais de 100 mil empregos foram criados na década passada.

Roesler alertou ser contra se tentar cortar muito tão rápido. Ele disse que era importante que as mudanças sejam apoiadas pela Câmara Alta do Parlamento, onde o apoio dos partidos de oposição será necessária para que a medida passe rapidamente.

(Por Markus Wacket)

Por REUTERS