Empresas utilizaram 254,6  milhões de toneladas em compensações de emissão sob o mercado de carbono  europeu no ano passado, um salto de 86% em relação a 2010, reflexo das  restrições qualitativas e preços atrativos
A Comissão Europeia acaba de  divulgar os dados referentes às unidades cobertas pelo seu esquema de comércio  de emissões (EU ETS), que revelaram o uso 86% maior de créditos de compensação  para cumprimento de suas cotas de emissão. 
Os números somam 178,8 milhões de  Reduções Certificadas de Emissão (RCEs) e 75,8 milhões de Unidades de Emissão  Reduzidas (ERUs), estando de acordo com as estimativas dos analistas que acompanham  o mercado. Ambos os créditos são equivalentes em termos de possibilidade de uso  para compensação de emissões sob o EU ETS.
A notícia, no entanto, não afetou  o valor das RCEs para entrega em 2012, negociadas na ICE Futures Europe ainda  na faixa de €3,8/t. "Não vimos nenhum impacto imediato sobre os preços",  comentou Marcus Ferdinand, analista da Thomson Reuters Point Carbon.
O motivo do salto no uso das  compensações tem muito a ver com o fato de que a partir de maio de 2013 grande  parte das RCEs (cerca de 60% das emitidas atualmente), aquelas provenientes de  projetos de destruição do HFC-22 e ácido adípico, não serão mais aceitas sob o  esquema europeu. O crescimento na emissão de ERUs no ano passado também  contribuiu muito para esta expansão.
O banco Barclays Capital credita  ainda o aumento às altas taxas de emissão de RCEs, que por sua vez mantiveram o  spread entre as EUAs e RCEs em níveis (€3 a €4) que incentivaram o seu uso. Já  o desconto no valor das ERUs em relação às RCEs também elevou a sua  atratividade e impulsionou a sua submissão.
O Deutche Bank levanta outro  ponto, o piso para a negociação de RCEs chinesas, que pode ter sido uma  barreira à importação para a Europa. 
"Muitas instalações que  contrataram RCEs chinesas podem ter decidido não importá-las para não pagar a  taxa, em vez disso talvez tenham optado pela compra de novas RCEs no mercado,  portanto, reduzindo a quantidade de RCEs disponíveis no mercado para outros  players", explica o analista Mark C. Lewis.
Um total de 456,1 milhões de RCEs  foram usadas até agora sob o EU ETS, quase a metade do total emitido nos  primeiros quatro anos da segunda fase (2008-2011) do esquema.
Os maiores volumes destes  créditos foram submetidos nos países que são os maiores emissores de gases do  efeito estufa da Europa, que consequentemente podem usar as maiores cotas de  compensações: Alemanha (29%), Espanha (11%), França (11%) e Polônia (10%). 
Os setores de geração de energia  e aquecimento submeteram 63% das compensações, apesar de caber a mesma lógica  dos países, sendo que os maiores emissores têm as maiores cotas. Cerca de 20%  das compensações foram usadas pelo setor de aço e ferro e 14% por indústrias de  cimento.
O Deutsche Bank estima que  durante a segunda fase do EU ETS, as instalações terão uma cota de uso de RCEs  e ERUs da ordem de 1,43 bilhões, porém que 1,55 bilhões destes créditos serão  emitidos. A demanda exterior ao EU ETS por RCEs e ERUs para cumprimento das  metas do Protocolo de Quioto deve ser de 150 milhões de toneladas, portanto o banco  conclui que provavelmente "não haverá RCEs e ERUs suficientes disponíveis  para que as instalações cobertas pelo EU ETS usem a totalidade de sua cota para  a segunda fase". Fonte: Instituto CarbonoBrasil.
 
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